quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Estréia do Espetáculo


"As coisas não mudam, nós é que mudamos.
O início de um hábito é como um fio invisível, mas cada vez que o repetimos o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo e nos prende de forma irremediável, no pensamento e ação."( Orison S. Marden. http://www.webfrases.com/resultado_busca.php)

Estréia, ao pé da letra significa: Inaugurar, começar.
O primeiro dia de apresentação de um espetáculo cênico é sempre uma esperada, porém temerosa sensação. Acredito que deve ser parecido como uma mãe preste a parir, foram meses de gestação, transformações físicas e psicológicas, mas derrepente quando chega a hora do nascimento, e finalmente se iniciará uma nova do processo, por mais que tudo esteja seguro, médicos, enfermeiros, anestesistas, sempre, há uma pontinha de insegurança de alguma coisa dar errado.
Quando um artista, um grupo ou uma companhia artística entra em processo de criação são muitos os caminhos percorridos. Inicia de fato na pesquisa e concepção das idéias do Projeto, acontece então o treinamento dos interpretes, diversas reuniões de produção e equipe, captação de recursos, construção das cenas, figurino, cenário, iluminação, fotografia, divulgação nas mídias e finalmente depois desse longo e doloroso processo nasce o resultado e ai apresenta-se o espetáculo para a platéia.
Para um diretor e interpretes é um grande desafio, pois na maioria das vezes tudo é ensaiado em um espaço completamente diferente do lugar da cena, sem nenhum tipo de recurso de indumentária, iluminação, etc... E tudo isso muda completamente a composição, um simples piso diferente pode dependendo da maturidade do elenco alterar significamente a partitura das personagens. Logo, isso é mais um motivo para a tão receosa estréia. Pois os equipamentos, os teatros só nos são cedidos para marcação de luz, palco, e ensaio geral um dia antes da apresentação quando não no mesmo dia, algumas horas antes.
Pesquisar, ensaiar, estreiar e circular faz parte do oficio de um artista e são essas as etapas que ele almeja para o seu projeto. Amanhã estou estreando o mais novo espetáculo da Companhia “ BR 116” , um trabalho que felizmente teve apoio da Funarte através do Prêmio de dança Klauss Vianna/2008 e pelo V Edital de lei de Incentivo do Governo do Estado do Ceará, que foram fundamentais e solucionaram problemas absurdos da produção. Ao mesmo tempo, ao longo das nossas experiências, e com o crédito das instituições, aumenta o nosso perfeccionismo e a responsabilidade de conseguir ou pelo menos tentar fugir da mediocridade dos profissionais da arte menos conscientes. Não sei se vamos consegui nossos objetivos, não sei a casa vai ter um bom número de público, não sei a classe artística vai criticar positivamente o trabalho, não sei onde esse caminho vai dar. Só sei que o medo da estréia não pode ser paralisante. E de alguma forma apesar de todas as preocupações, não podemos perder o verdadeiro sentido da arte que é fazer do mundo, um lugar mais humano, justo e verdadeiro.

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