segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Encontro dos Meninos
VIVEMOS tempos onde o tempo é algo cada vez mais raro e estimado. Ninguém mais conversa, encontra o outro, troca, ensina ou aprende é sempre “Cada um no seu quadrado”. A disponibilidade para estar junto dos grupos teatrais Engenharia cênica e Ninho de Teatro já faz desse encontro algo extremamente admirável, pois, é uma perspectiva de trabalho que foge muitíssimo dos padrões de criação nas artes cênicas atualmente.
O espetáculo fruto desse encontro “O menino fotografo” tem a cara da diretora Cecilia Raiffer. Essa assinatura fica nítida quando acompanhamos o formato que Cecilia propõe em formato de caos organizado, que já era apontado no trabalho anterior da Engenharia cênica e que difere da trajetória artística do Grupo Ninho.
A receptividade com velas e o canto dos atores parece ser a luz e um convite para adentrar não somente ao espaço físico, mas sim a um novo mundo encantado, onde sonhos e realidade se entrelaçam.
Qual é a sua história? Qual é sua fé? No que você acredita? O que você deseja? Muitas perguntas permeiam a cabeça de nós espectadores no decorrer do espetáculo, pois, são muitas imagens e signos que entram e somem no decorrer das tramas. E alias, são muitas tramas, muitas cenas, de belíssimas visualidades que nos enchem os olhos, com o consistente trabalho corporal de todos os atores e especialmente da atriz Rita Cidade e do ator Luiz Renato que também assina a iluminação desse trabalho.
Destaco também a forte cenografia de Francisco dos Santos e os belos figurinos do Edceu Barbosa que juntos colorem e fortalecem a ideia de devaneios, sagrado e profano, que são propostos na encenação da diretora.
Acredito realmente que ao longo da caminhada o espetáculo e os interpretes tendem a amadurecer ganhar novos achados que valorizarão ainda mais o “O menino fotografo”, pois, na estreia sentir falta de mais partituras cênicas para o menino Ulisses que intitula a peça, bem como o final súbito que talvez que pudesse ser algo repensado.
Em minha opinião essa nova montagem dos dois grupos é ponto positivo para ambos: para o grupo de Cecilia Raiffer por se aprofundar na pesquisa em que acredita e para o Grupo Ninho que se permitiu arriscar e viver novos momentos teatrais. Um belo exemplo para todos nós artistas que muitas vezes caímos no conforto das nossas caixas fechadas.
Alysson Amancio
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A Companhia de Teatro Engenharia Cênica está aberta a discussões sobre processo de criação em artes cênicas. Pois a cena é um evento coletivo, precisamos inexoravelmente dos outros... Aprendemos muito na sala de ensaio, mas quando adentramos na sala de espetáculo nos encontramos com os mistérios que nutrem a criação... nos encontramos com olhares... e o público dá o tom da recepção, consegue ver e sentir detalhes que fogem aos criadores por eles estarem profundamente mergulhados na poiesis do devir cênico.
ResponderExcluirVou pensar sobre as reflexões feitas.
Como criadora e pesquisadora estou aberta a sugestões, críticas, discussões... pois a roda só roda se rodarmos em conexão.
Com carinho
Cecília Raiffer
Diretora da Engenharia Cênica