quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Dança, arte, universidade, necessidade.


Helena Katz, renomada pesquisadora de dança, considerada umas das maiores autoridades do Brasil nesta área no Texto “Visto de Entrada e Controle de passaportes da dança brasileira” inicia essa abordagem teórica com a seguinte frase, “O fato de a dança acontecer no corpo não habilita qualquer um que tenha um corpo a falar em seu nome”, O brasileiro por ser um povo em sua maioria muito alegre e comunicativo, e ter a dança como atividade presente em quase todas as suas grandes e pequenas manifestações populares, acaba ignorando a arte da dança como uma ciência, que como todas as outras também requer uma rede de conhecimentos e que seus profissionais devem ter, como em todas as profissões uma formação e uma valorização tal qual um Licenciado Professor de matemática ou um Médico clinico geral.
Ontem, eu e mais uma serie de pessoas cadastradas no Email do Fórum de dança do Ceará que consequentemente repassaram também para os seus amigos interessados, recebemos uma noticia especial, quase um presente fim de ano. Em um texto curto, porém emocionado a pesquisadora Rosa Primo, noticiava a Oficialização da reitoria da UFC para a criação do Curso de Graduação em Dança que terá o seu primeiro vestibular lançado em 2010 pela Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. A reação emocionada da Rosa Primo, do Jota Junior, da Cláudia Pires e dos vários e-mails sucessivos que foram chegando na minha caixa de entrada do Hotmail com a mesma novidade, é sensação de Vitória de uma batalha, foram longas reuniões, conversas, discurssões e reivindicações da classe para a concretização desse curso, a formação é sem dúvida fator determinante para um amadurecimento de uma classe profissional.
Talvez alguns pensem rapidamente que a dança cênica cearense ainda esteja engatinhando visto que A Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia é a instituição de ensino superior de dança mais antiga do Brasil, fundada em 1956é a Primeira Universidade de dança do Brasil Certamente tratando-se da dança atrelada ao mundo acadêmico no Ceará estamos realmente dando as primeiras engatinhadas, entretanto a dança Cênica Cearense possui longos anos de histórias e conquistas, o Ceará é atualmente uma referencia nacional em dança, pela eximia qualidade técnica dos seus bailarinos, suas Companhias e coreógrafos contemporâneos e suas buscas na pesquisa de linguagens próprias, seus importantes eventos de fomento a dança como a Bienal Internacional de Dança que foi criada em 1997 e já está na sua 7º edição, o Festival Nacional de Dança de Fortaleza que em 2010 completa seu 10º aniversario de existência, o extinto Colégio de Dança do Ceará, o atual Curso Técnico de Dança sediado no SESC Iracema, a Vila das Artes promovendo contínuas Oficinas de formação, enfim, são muitas ações talvez nunca imaginadas no inicio dessa caminhada quando há mais de 60 anos os Professores Hugo Bianchi e Regina Passos deram suas primeiras aulas de dança em Academias particulares, escolas, e instituições, difundido e espalhando a dança através de suas alunas para diversos bairros de Fortaleza e interiores do estado.
Estamos todos extremamente felizes. É sem dúvida uma grande batalha conquistada, mas a guerra continua. O artista nunca deve perder sua militância e diligencia, arte é necessidade básica a todo ser humano e nosso foco deve ser disseminar esse ideal para todos os espaços. Se vamos ter a Graduação na capital, que tal agora começar a lutar severamente pela graduação em dança no interior cearense, que tal começar a pensar em projetos sérios que introduzam definitivamente a dança nas escolas públicas em todo o estado do Ceará, precisamos formar artistas, professores, coreógrafos, bailarinos, mas precisamos também, sobretudo da platéia, de pessoas apreciadoras da dança, aliais repito muito a palavra dança, todavia o importante mesmo é lembrar que dança é arte, e é das artes que estamos falando, é a arte a grande arma para mudar o mundo no século XXI, é ela a única que pode salvar este planeta dessa insensibilidade generalizada e dessa autodestruição imbuída em nossa realidade cotidiana.

Alysson Amâncio

16 de Dezembro de 2009

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