quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Dança contemporânea olha para KARIMAI. Grupo de dança contemporânea estreia novo espetáculo inspirado neste artista


Em momento de grande inspiração o poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro, Ferreira Gullar, depois de discorrer sobre a dualidade do ser, interroga se a única forma de traduzir a totalidade humana se encontraria na Arte. Esse questionamento permanece em aberto e por mais que se reflita, impossibilitados estamos de encontrar a resposta certa, porque, em si, depois de esgotados todos os argumentos, ainda (e jamais) conseguiremos totalizá-la ou defini-la. E o que dizer de uma META-ARTE? Eis que nos entregaram tal tarefa: - falar sobre  Karimai – espetáculo de dança contemporânea, da Alysson Amancio Companhia de Dança.

Verdadeiros mananciais de vida manifestos no bico de pena, pincel, esferográfica, lápis de cor, crayon e grafite explodem em profusões de cores, enredos, sonhos, desejos, crenças: êxtase de uma entrega em sua totalidade – transcendência a ultrapassar a mera expressão artística para exaurir-se no afeto, no amor, na ludicidade, na melodia, e, sobretudo, no rodopio da co/criação ( sem recapitular movimentos o universo desagregar-se-ia ) – é o símbolo da totalidade em que ser-tão ocidental se mescla do tom milenar do oriente. Os gemidos melódicos do Armorial entrelaçam, além do erudito/popular, sonhos de aves internas a nos convidar ao voo... Não faço Arte. Não tenho uma forma capaz de perenizar o efêmero momento... eu sou a própria Arte em movimento, leveza... beleza estética que inunda a sala, a alma, a vida... Sem palavras, convidamos ao Espetáculo!!! – Vejam. Contagiem-se... Não economizemos!...

Eneida Feitosa



O Processo de Criação

- É possível transformar uma obra de Artes Visuais em Dança?
- Não
- E varias obras de um artista visual em um único espetáculo?
- Impossível.
A partir desta perspectiva desde o inicio do processo de montagem deste espetáculo em Janeiro de 2015, já sabíamos que o nosso intuito não era traduzir em movimentos a obra do nosso protagonista, arte é singular, a nossa ideia sempre foi dançar as sensações, o que as pinturas e desenhos de karimai nos provocavam (a mim e aos bailarinos).  E assim começamos.
Cada obra de Karimai que nos chegava era um misto de medo e entusiasmo arrebatador, pois é tudo extremamente plural. Suas pinturas nos desvelavam inúmeras possibilidades cênicas, sonho, fé, Nordeste, Oriente, Cariri, seca, litoral, amor, sexo, família, criança, cores, êxtase, vida...
Um trabalho de pesquisa incansável e que muito só foi possível pela colaboração da Professora da URCA Eneida Feitosa, da família e alguns amigos de Karimai, especialmente Penha karimai, Clara Karimai e Elisangela, estas pessoas foram generosamente nos revelando informações preciosas e intimidades que faziam nosso desafio aumentar ainda mais.
Fomos percebendo que não daríamos contar de estudar a obra completa de Karimai, pois ela é imensa e espalhada pelo mundo e outro fator inesperado do processo é que não conseguíamos criar focando apenas na arte do mesmo. Cada história que nos chegava era sempre a narrativa de um ser humano tão humano, tão atencioso e engajado pelas lutas sociais, que isso não podia ser ocultado da nossa dança. Em nossa visão Arte, amor e vida estavam imbricados em Karimai.
Em 2016, a Alysson Amancio Companhia de Dança completa 10 anos de existência. Este espetáculo tão desafiador para nós ‘KARIMAI’ é também uma forma festejar esta nossa primeira década, uma homenagem a Luís Karimai, um artista/cidadão importante para a região do Cariri, um exemplo de luta e resistência em prol da arte, da família, do Espiritismo, do amor ao próximo. Nós o temos como um exemplo e no âmbito da dança apesar de todas as adversidades, especialmente a falta de apoio publicado e privado, também estamos tentando resistir.
Viva Karimai, viva o Cariri, viva a nossa Dança Cariri. Que a fé e o amor prevaleçam,
Assim seja!
Alysson Amancio



O Espetáculo/ Release
Somos cotidianamente bombardeados por algum tipo de violência, vivenciamos preconceitos, injustiças, corrupções, negligencias, dentre tantas outras coisas que nos deixam perplexos e que nos fazem mal. Estamos ficando isolados, descrentes da humanidade e sobretudo com medo de viver. O amor cada vez mais abstruso em meio as paisagens inexpressivas.  “Karimai” é um espetáculo de dança contemporânea, que nos convida a enxergar as cores, um mundo menos nefasto.
Começamos o processo de criação coreográfica mergulhados nas obras do artista visual Luís Karimai, paulatinamente fomos percebendo que as cores, os sonhos, as histórias contadas nas telas eram reflexo da vida do artista, encontramos nos relatos das pessoas um ser humano que passou a vida tentando colorir não só as telas, mas também o mundo, compartilhando amor, paz, tranquilidade e esperança.
Este trabalho é uma homenagem a este artista, mas também um convite para que todos nós enxerguemos a vida com mais afeto, fé e caridade nos nossos atos.
Não economizemos no amor.
Alysson Amancio




Ficha Técnica
Direção, concepção e coreografia: Alysson Amancio
Direção Executiva: Rosilene Diniz
Bailarinos/ Criadores: Allef Lira, Erick Bruno, Fernanda Jayne, Leonard Alves, Luciana Araujo, Lucivania Lima, Maria Lima, Kelyenne Maia, Kelianne Muller, Rosilene Diniz, Suzana Carneiro, Thiago Gomes, Yago Gomes
Figurino: Ariane Morais
Assistente de Figurino: Marta Benjamim
Concepção e operação de luz: Jamal Coorleone
Cenografia: Geraldo Junior
Trilha Sonora Original: Francisco Difreitas
Fotografia: Souza Junior
Produção geral: Luciany Maria
Assistência de Dramaturgia: Eneida Feitosa, Penha Karimai e Elisangela Rodrigues
Ensaiadoras: Luciana Araújo e Rosilene Diniz
Professora de Balé da Cia: Mara Santana


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