A engenharia de Doralinas e marias
O espetaculo "Doralinas e marias" convidado pela Mostra SESC de Cultura em uma caixa cênica montada no auditório do Memorial Padre Cícero em Juazeiro do Norte.CE no último dia 14 de Novembro de 2009. Encheu os olhos do público presente que teve o privilegio de assisti tal apresentação. Desde a entrada ao nos depararmos com a primeira imagem do simples, porém extremamente delicado cenário de Zuarte Junior já somos informados que belas imagens possivelmente seriam apreciadas naquelas próximas cenas. Fato consumado quando os quatro interpretes suavemente adentram o palco e rompem as tensões iniciais do inesperado, sultilmente eles sinalizam que a Obra começou.
As primeiras palavras da atriz Meran Vargens, de notável presença e maturidade cênica, dirigidas à platéia sobre qual rostos permeiam os seus imaginários, cabe bem como prólogo e ao mesmo tempo induz, convida, instiga todos a um possivel verbo, "Permitam-se", abram todos os seus poros, pois este espetáculo de memórias, que para a diretora Cecília Raiffer retrata o Universo feminino, por expelir seus medos, instabilidades emocionais, sonhos, sofrimentos e prazeres são na verdade muito mais abrangente, pois esses sentimentos são comuns a todo ser humano. Essa peça é para todos, homens, mulheres, gays, jovens, adultos e idosos, pois todos nós somos carentes e vulneraveis ao ato de viver.
A segurança inicial de Meran Vargens alegra aos espectadores e ao mesmo tempo assusta por antecipar um possivél desnivelamento dos atores em detrimento as diferença entre os interpretes, pensamentos pré-conceituosos logo serenados nos primeiros dez minutos iniciais, pois fica claro a rica colaboração individual e como a arteira, inteligente e sofisticada Cecília soube aproveitar e colocar na cena o melhor que cada um podia dar naquele momento da criação. Cada um deles, Adriana Amorim, Daniele França, Luiz Renato e Mera Vargens têm o seu momento ápice, cada um emociona por um gesto, um olhar, uma respiração precisa, que horam brilham sozinhas e horas dialogam no coletivo do elenco.
Em "doralinas e Marias", tudo é na medida certa, tudo parece ser coreografado, tudo conversa, desde a luz briosa crida pelo interprete e iluminador luiz Renato, até os toques do piano ao fundo da cena propostos por Luciano Bahia. Talvez o Folder tenha texto por demais explicativo, talvez algumas partituras não precisassem ser repetidas, ou porventura não, até isso esteja alinhado, o texto sublinha o que já está em negrito, e a cena se repete para ser como um mantra que sirva para elevar o pensamento dos menos acostumados a tais metaforas, para que todos sem exceção saiam do espetáculo em devaneios, refletindo sobre a tal realidade do tempo. Afinal "quando diz que quer ir, já foi..."
Alysson amancio
15 de Novembro de 2009
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