segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Escrever, ler e pensar fazem parte do fazer arte/dança.

Depois de um longo hiato voltamos a ativar este blog. Senti falta a escrita cotidiana e informal e discutimos isto na companhia.
Alguém pode fazer as perguntas: Por que escrever sobre dança? Para que ler sobre dança?  Para dançar precisa pensar não basta só o fazer? 
Há vários séculos pesquisadores iniciaram seus escritos sobre a dança, mas sem duvidas foi no século XX, sobretudo a partir da década de 1960 (quando se começa a se estabelecer um pensamento contemporâneo nesta linguagem) que proliferaram as universidades e o numero de pessoas interessadas a pesquisar e produzir um conhecimento de dança outro além do que já é engendrado nas praticas físicas.
A dança na contemporaneidade tornou-se um campo tão vasto. Uma área possível de treinamentos e estéticas tão plurais que independentemente do sujeito que dança ser ou não do mundo acadêmico é essencial que ele tenha um olhar crítico e consciente para o mundo que lhe rodeia e para as obras artísticas que produz ou almeja produzir.
Este espaço/diário/blog virtual 'corpo cariri' é mais um lugar para encontrar caminhos de produção de conhecimento em dança. Um lugar de/para aprendizados. Aprender a escrever, a ler e, sobretudo a refletir sobre os nossos passos dançantes.  Aqui cabe tudo, qualquer escrita ou imagem, pois construímos nossos corpos que dançam a partir de nossas trocas com o mundo, portanto tudo que esta no mundo e que nos contamina contribui para a dança que devolvemos para o mundo.
Neste retorno a ideia é que sejam postagens semanais, que a cada semana um novo artista/professor/pesquisador possa nos presentear com as suas duvidas, questões ou experiências na dança/vida e que delas saiam comentários, outros, textos, conversas, diálogos e conhecimentos. O espaço é aberto e democrático, qualquer pessoa que queira escrever é bem-vinda.
Neste retorno começaremos trazendo uma narrativa de um evento bastante especial, o II Seminário de Dança. A associação Dança Cariri realizou em 2012 o primeiro seminário com o tema Dança-educação e em 2014 o eixo temático  foi ‘Tradição e contemporaneidade’. O evento foi realizado através do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2013, e foi dividido em duas etapas. A primeira etapa ocorreu de 21 a 29 de abril de 2014 concomitantemente a VI Semana D da Dança Cariri e a segunda etapa de 14 a 16 de outubro de 2014.

No evento ocorreram diversas ações: palestras, debates, oficinas, workshops, apresentações de artigos científicos e espetáculos. Para tais atividades estiveram presentes os Professores Doutores Oswald Barroso, Thereza Rocha, Teodora Alves, Helena Katz, Rosa ana Druot e os artistas Valéria Pinheiro, Irmaos Aniceto, Alysson amancio cia de dança, Cia Inspire arte,Balé Contemporâneo Rocha e Comunidade Zaíla Lavor. Indubitavelmente foi um momento histórico não só para a região do Cariri, pois o evento foi sediado em Juazeiro do Norte, mas para o Brasil. Pois, esta prevista uma publicação de 1000 livros  com artigos escritos pelos  convidados.

Gostaria aqui de narrar cada palestra, cada discussão engendrada nos workshops, mas certamente não daria conta de tamanha abrangência. Então resolvi eleger uma única atividade para representar todas as ações ocorridas. Nos dias 14 e 15 ocorreu o workshop da professora Helena Katz, a associação já vinha tentando trazer Helena há três anos, mas devido a sua agenda só agora foi possível.

Como organizador do evento, coube a mim dizer aos convidados o tema e a proposta que nos interessava e propus a Helena que ela nos fizesse uma reflexão sobre o atual panorama da dança cênica brasileira. Sabíamos que dois dias não seriam suficientes e que o mote proposto é uma discussão inesgotável, todavia que o fato de estarmos no nordeste, ceara, e no interior nos faz crer que não fazemos parte da dança nacional e para a minha surpresa Helena abriu o Workshop  trazendo esta questão, citou Boaventura e sua ideias sobre as linhas abissais que nos tornam visíveis ou invisíveis no mundo.
É a continuidade das ações, o eterno construir, o coletivo pensante segundo Helena que rompe estas linhas, a dança brasileira não se restringe ao eixo Sul/Sudeste. Há muitas outras danças e precisamos legitimar isso. Foi um dos pontos do Workshop, mas foi ainda discutido o formato dos festivais de dança, o aumento de cursos superiores de dança no Brasil, a necessidade de fortalecer o corpo docente de tais cursos, analise breve de algumas estéticas de obras de dança contemporânea através da apreciação de vídeos.
Helena Katz foi uma forte ventania, passou rápida mas colaborou para nos tirar da zona de conforto, nos estimulou a querer mais, escrever, ler e trocar muitos mais. Uma  de suas frases foi  “Ninguem salva o mundo sozinho” e nessa perspectiva este blog é mais um caminho para nos salvarmos, para juntos pensarmos estratégias  de vencermos a maquina destruidora que não nos quer vivos e principalmente: atuantes.


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